1. O Evangelho Segundo Jesus Cristo - José Saramago
2. O Cão dos Baskervilles - Arthur Conan Doyle
3. As Horas Nuas - Lygia Fagundes Telles
4. Sobre a Beleza - Zadie Smith
5. O Estrangeiro - Albert Camus
6. A Obscena Senhora D - Hilda Hilst
7. Textos para Nada - Samuel Beckett
8. A desumanização - Valter Hugo Mãe
9. O Pintassilgo - Donna Tartt
10. Garota Exemplar - Gillian Flynn
11. Laranja Mecânica - Anthony Burgess
12. O Talentoso Ripley - Patricia Highsmith
13. O Sol é para Todos - Harper Lee
14. Mrs. Dalloway - Virginia Woolf
15. Se um viajante numa noite de inverno - Italo Calvino
16. Persuasão - Jane Austen
17. Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres - Clarice Lispector
18. A Mulher Desiludida - Simone de Beauvoir
Para não dizer que não falei dos livros, segue um brevíssimo comentário dos meus livros preferidos até o momento.
- Sobre a Beleza - Zadie Smith
Eu já havia ficado encantada com Caçador de Autógrafos ano passado, mas Sobre a Beleza coloca o romance anterior da inglesa Zadie Smith em outro nível, de tão superior. Este livro, publicado em 2005 com tradução de Daniel Galera, conta a história de uma família, ou melhor, duas, que enfrentam uma intensa querela intelectual, a de Howard Belsey é liberal, enquanto a de Monty Kipps é ultraconservadora. Tudo caminha bem, até que o filho de Belsey apaixona-se pela filha de Kipps e, posteriormente, Monty é convidado a dar aulas na mesma universidade de Belsey, nos EUA, até então Monty e família viviam no Reino Unido. O romance é recheado de reviravoltas, hipocrisias, ótimos diálogos, um retrato importante e ao mesmo tempo um pouco desolador da sociedade contemporânea. Fiquei mais interessada em acompanhar a bibliografia da autora, falta ler NW e Dentes Brancos.
- A desumanização - Valter Hugo Mãe
Quer um livro triste? Daqueles de abraçar o travesseiro quando termina? Mas que ao mesmo tempo, te deixa com certa alegria por ter lido uma história tão tristemente bela? Este é o escolhido. A desumanização se passa na Islândia, um dos países que a meu ver cabe muito bem a descrição de belo, mas triste, melancólico. A história é o processo de luto atravessado por uma menina que acabara de perder a irmã gêmea, entre uma relação conflituosa com a mãe - que a acusa pela morte da irmã -, terna com o pai e a descoberta de uma amizade inesperada, ela vai aos poucos dando um lugar para esta perda de um outro idêntico a si próprio. Valter hugo mãe é poesia pura, fiquei encantada, quero ler todos os outros do autor.
"Andei comigo as coisas nenhumas que me pertenciam. Levei a camisola de Sigridur. Olhei para a casa como se a deixasse absolutamente vazia. Senti que a Sigridur era o passado. Estava posta no passado igual a ter-me abandonado. Afinal, pensei eu, a morte não tem sequer inteligência suficiente para te deixar falar-me. A morte é egoísta. Talvez nem te deixe passar perto do menino. Talvez não reconheça direito a nada. É a supressão de toda a dignidade."
- O Pintassilgo - Donna Tartt
Uma das emoções mais avassaladoras causada por um livro é o apaixonamento arrebatador, daqueles de sentir amor e ódio na mesma proporção. Dito isso, confesso, eu me apaixonei pelo O Pintassilgo e suas mais de 700 páginas. O personagem-título é uma obra de arte, furtada pelo jovem Theo de dentro dos escombros de uma explosão em um museu nos EUA, fruto de um ataque terrorista. Theo estava dentro do museu no momento da explosão, junto de sua mãe, que acaba falecendo no trágico acidente. É a partir desta perda que a história se desenvolve, mais um livro cujo tema da morte está presente, especialmente na primeira parte, quando Theo passa a morar com a família de um amigo, tendo em vista que o pai o abandonara anos atrás e ele basicamente, não tem mais ninguém no mundo. A história vai dos 13 aos 27 anos da vida de Theo e sua obra de arte, por isso acompanhamos todo o percurso de seu amadurecimento, mas não necessariamente crescimento, uma vez que o Theo adulto não é um personagem tão digno de amor quanto o Theo criança, mas nada mais verossímil que um adulto cheio de máculas.
- Laranja Mecânica - Anthony Burgess
É lugar comum falar deste como um dos clássicos da ficção científica, não é por menos, Burgess conta uma história original e cheio de elementos interessantes, como o vocabulário da gangue de Alex. Mas vamos por partes. O livro é narrado pela perspectiva do jovem Alex, um típico adolescente inglês do futuro - que tipo de futuro, isso não fica muito claro -, filho único, mora com pais amorosos, trabalhadores e dedicados. Entretanto, Alex é o exato oposto do ideal, é o líder de uma gangue adolescente que acomete os mais bárbaros crimes pela madrugada adentro, saques a lojas, espancamentos de mendigos e transeuntes, estupros, assaltos a casas, etc. Uma característica peculiar desta gangue, como já citei, é o vocabulário chamado de Nadsat, encharcado de gírias, tantas, que demora até pegar o ritmo do livro, já que inicialmente não se entende nada do que está escrito (um salve para o glossário ao final do livro inserido pela editora Aleph). Tudo vai "bem", até que Alex é pego pela polícia em uma de suas incursões e o livro começa a ficar mais interessante, podemos ter uma visão mais acurada da sociedade retratada no livro, completamente infestada por essas gangues de ruas e tentando a todo custo, das formas as mais abjetas, "limpar" e "salvar" esta sociedade de seus jovens delinquentes. Neste sentido, Alex torna-se o bode expiatório de um dos experimentos utilizados para "salvar sua alma". Um aperitivo da primeira página da história, quando você acha que se enganou e pegou um livro escrito em outra língua:
"Bom, o que vendiam ali era leite-com-tudo-e-mais-alguma-coisa. Eles não tinham autorização para vender álcool, mas ainda não havia leis contra prodar algumas das novas veshkas que costumavam colocar no bom e velho moloko, então podia pitar com velocet, sintemesc, drencrom ou alguma outra veshka que lhe daria uns belos de uns quinze minutos muito horrorshow só ali, admirando Bog e Todos os Seus Anjos e Santos no seu sapato esquerdo com luzes espocando por cima da sua mosga."